Conto de Cabo Verde
Numa aldeia, vivia um homem muito mentiroso e, por isso, as pessoas da aldeia chamavam-lhe Manel Mentiroso. Tudo o que ele dizia era mentira e ganhava dinheiro, dizendo mentiras e fazendo apostas.
- Mulher; vou viajar pelo mundo, dizendo mentiras e fazendo apostas.
Todo o dinheiro que ganhar, envio para casa. Levo comigo a vaca. Mulher; dá-me a tua bênção.
- Amén.
Manel pôs o chapéu, pegou na vaca e partiu a correr mundo. Por todos os sítios por onde passava, fazia apostas, ganhava e enviava o dinheiro para casa. Até que chegou a uma aldeia onde vivia um rapaz chamado Joaquinha. O Joaquinha era aquele tipo de rapaz a quem os pais nunca precisavam de dizer:
- Joaquinha, vai estudar!
- Joaquinha, já fizeste os deveres?
O Joaquinha sabia sempre quando era altura de começar a estudar e largar a brincadeira.
- Vou-me embora – assim dizia o Joaquinha.
- Logo agora que o jogo estava na melhor parte!
Os amigos já sabiam que ele era assim e, quando chegava a hora, diziam logo:
- Lá vai o Joaquinha.
O pai do Joaquinha era pescador e a mãe lavadeira na ribeira. Uma manhã, o pai do Joaquinha disse-lhe:
- Joaquinha, a tua mãe está na ribeira a lavar camisas e eu tenho de ir pescar. Tens o almoço na mesa.
Ele foi comer aquilo tudo, mandioca cozida com ovo, cuscuz com mel,etc…Depois, lavou a loiça, arrumou tudo e foi estudar. Quando estava a estudar, bateram à porta. Ele abriu e perguntou quem era. Era o Manel Mentiroso que disse ao que vinha.
- Venho para dizer mentiras e apostar contigo, Se perder, ficas com a vaca, mas se ganhar, levo tudo o que tens dentro de casa.
O Joaquinha achou que aquilo era muito sério e pensou:
- Agora é que vou ver se valeu a pena estudar!
O Manel Mentiroso sentou-se e pediu ao Joaquinha um copo de água fresca. O Joaquinha levou muito tempo a trazer-lhe a água e o Manel Mentiroso perguntou-lhe se ele tinha ido buscar água à ribeira. Joaquinha respondeu que estava à procura de água de anteontem para juntar à água de ontem, para lhe servir a água de hoje.
- Traz qualquer água!
Ele bebeu a água e puxou da caixa do rapé.
- Joaquinha, tu sabias que nasceu uma pessoa com oito braços?
- Eu não digo que não, porque ontem a minha mãe estava a lavar camisas na ribeira e viu uma camisa com oito mangas.
O Manel começou a achar que ia ser mais difícil do que ele pensava.
- Joaquinha, vai buscar brasas para eu acender o cachimbo.
Como Joaquinha nunca mais aparecia, o Manel perguntou-lhe:
- Foste buscar as brasas ao inferno?
- Estou à procura das brasas de anteontem para juntos com as brasas de ontem e para lhe dar as brasas de hoje.
- Traz qualquer brasa.
Ele acendeu o cachimbo, puxou duas ou três fumaças e perguntou ao Joaquinha:
- Joaquinha, tu sabias que o mar pegou fogo?
- Eu não digo que não porque, no outro dia, o meu pai foi pescar e apanhou as sardinhas já assadas.
- Joaquinha, vai-me buscar água fresca, mas traz qualquer água!
Ele bebeu a água e perguntou-lhe:
- Joaquinha, tu sabias que existe uma mangueira tão alta, tão alta, tão alta, tão alta, que se toca tambor de um lado, e não se ouve do outro?
- Eu não digo que não…
- Tu não comeces com o digo que não!
- É que no outro dia passou aqui uma gaivota tão grande, tão grande, que demorou três dias a passar a cabeça, seis dias a passar o corpo e três dias a passar as patas.
Ficamos doze dias às escuras.
- Ó Joaquinha, isso é tudo mentira! Onde é que ia poisar essa gaivota?!
- Ela tinha o ninho na mangueira onde se toca tambor de um lado e não se ouve do outro.
O Manel Mentiroso deu a vaca ao Joaquinha e já se ia embora, quando o Joaquinha lhe disse:
- Corre depressa porque o meu pai deve estar a chegar da pesca. Se te vê, ele mete a estrada no bolso e tu nunca mais encontras o caminho para casa.
Desesperado, Manel Mentiroso desatou a correr a sete pés.
- Amén.
Manel pôs o chapéu, pegou na vaca e partiu a correr mundo. Por todos os sítios por onde passava, fazia apostas, ganhava e enviava o dinheiro para casa. Até que chegou a uma aldeia onde vivia um rapaz chamado Joaquinha. O Joaquinha era aquele tipo de rapaz a quem os pais nunca precisavam de dizer:
- Joaquinha, vai estudar!
- Joaquinha, já fizeste os deveres?
O Joaquinha sabia sempre quando era altura de começar a estudar e largar a brincadeira.
- Vou-me embora – assim dizia o Joaquinha.
- Logo agora que o jogo estava na melhor parte!
Os amigos já sabiam que ele era assim e, quando chegava a hora, diziam logo:
- Lá vai o Joaquinha.
O pai do Joaquinha era pescador e a mãe lavadeira na ribeira. Uma manhã, o pai do Joaquinha disse-lhe:
- Joaquinha, a tua mãe está na ribeira a lavar camisas e eu tenho de ir pescar. Tens o almoço na mesa.
Ele foi comer aquilo tudo, mandioca cozida com ovo, cuscuz com mel,etc…Depois, lavou a loiça, arrumou tudo e foi estudar. Quando estava a estudar, bateram à porta. Ele abriu e perguntou quem era. Era o Manel Mentiroso que disse ao que vinha.
- Venho para dizer mentiras e apostar contigo, Se perder, ficas com a vaca, mas se ganhar, levo tudo o que tens dentro de casa.
O Joaquinha achou que aquilo era muito sério e pensou:
- Agora é que vou ver se valeu a pena estudar!
O Manel Mentiroso sentou-se e pediu ao Joaquinha um copo de água fresca. O Joaquinha levou muito tempo a trazer-lhe a água e o Manel Mentiroso perguntou-lhe se ele tinha ido buscar água à ribeira. Joaquinha respondeu que estava à procura de água de anteontem para juntar à água de ontem, para lhe servir a água de hoje.
- Traz qualquer água!
Ele bebeu a água e puxou da caixa do rapé.
- Joaquinha, tu sabias que nasceu uma pessoa com oito braços?
- Eu não digo que não, porque ontem a minha mãe estava a lavar camisas na ribeira e viu uma camisa com oito mangas.
O Manel começou a achar que ia ser mais difícil do que ele pensava.
- Joaquinha, vai buscar brasas para eu acender o cachimbo.
Como Joaquinha nunca mais aparecia, o Manel perguntou-lhe:
- Foste buscar as brasas ao inferno?
- Estou à procura das brasas de anteontem para juntos com as brasas de ontem e para lhe dar as brasas de hoje.
- Traz qualquer brasa.
Ele acendeu o cachimbo, puxou duas ou três fumaças e perguntou ao Joaquinha:
- Joaquinha, tu sabias que o mar pegou fogo?
- Eu não digo que não porque, no outro dia, o meu pai foi pescar e apanhou as sardinhas já assadas.
- Joaquinha, vai-me buscar água fresca, mas traz qualquer água!
Ele bebeu a água e perguntou-lhe:
- Joaquinha, tu sabias que existe uma mangueira tão alta, tão alta, tão alta, tão alta, que se toca tambor de um lado, e não se ouve do outro?
- Eu não digo que não…
- Tu não comeces com o digo que não!
- É que no outro dia passou aqui uma gaivota tão grande, tão grande, que demorou três dias a passar a cabeça, seis dias a passar o corpo e três dias a passar as patas.
Ficamos doze dias às escuras.
- Ó Joaquinha, isso é tudo mentira! Onde é que ia poisar essa gaivota?!
- Ela tinha o ninho na mangueira onde se toca tambor de um lado e não se ouve do outro.
O Manel Mentiroso deu a vaca ao Joaquinha e já se ia embora, quando o Joaquinha lhe disse:
- Corre depressa porque o meu pai deve estar a chegar da pesca. Se te vê, ele mete a estrada no bolso e tu nunca mais encontras o caminho para casa.
Desesperado, Manel Mentiroso desatou a correr a sete pés.
In, PEREIRA-MÜLLER, M. Margarida, “Contos e Lendas da Lusofonia”, Sintra, Colares Editora, 2010
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