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ter, 24 de Novembro

sábado, 18 de março de 2017

A GRALHA AZUL

CONTO DO BRASIL




Era madrugada. O céu estava avermelhado, O sol surgiria em breve. A gralha estava bem acomodada num dos raminhos do pinheiro onde passara a noite. Gostava muito daquele momento. A noite já tinha acabado, mas o dia ainda não tinha começado. A paz ainda era grande na floresta.

De repente, este seu sossego foi interrompido por um som seco e profundo.

- O que é isto? – Perguntou a gralha.

Mais uma vez o tal som seco. Mas desta vez, todo o pinheiro estremeceu. A gralha assustou-se. E percebeu que era o lenhador que estava a cortar o pinheiro.

Num momento de desespero, bateu asas e voou muito para além das nuvens. Aí não iria ouvir os estertores do pinheiro seu amigo. Mas, de repente, ouviu uma voz que lhe dizia:

- Ainda bem que as aves se revoltam com as dores alheias.

Mais assustada ainda ficou a gralha. Bateu as asas com mais força e continuou a voar. Mas mesmo aí, no meio do céu, ouviu de novo a voz que lhe dizia:

- Volta avezinha bondosa. Vai de novo para a floresta. Vou vestir-te de azul, da cor do céu. De hoje em diante, irás ajudar a floresta.

- Como? – Perguntou a gralha.

- Como comeres os pinhões de que tanto gostas, deixa cair alguns na terra. Aí onde eles caírem, nascerão novos pinheiros. E assim haverá sempre pinheiros.

A gralha ficou tão contente que começou a cantar, um canto tão alegre que mais parece um bando de crianças a rir e a brincar.


In, PEREIRA-MÜLLER, M. Margarida, “Contos e Lendas da Lusofonia”, Sintra, Colares Editora, 2010


Estertor: respiração dos agonizantes

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